” – Tive muita, muita sorte em manter-me vivo. Foi muito difícil e quase perdi a minha vida.”
No momento em que escrevemos estas linhas, o Tottenham encontra-se a defrontar o Manchester United, com o terceiro treinador da temporada: Ryan Mason.
Ryan que já houvera assumido, de modo interino, a equipa, após a partida de José Mourinho, será merecedor de uma história digna de ser contada. Desde logo, por, apesar de ter 31 anos, e idade para andar a correr em campo, e já assumir uma equipa da estirpe dos Spurs.
Porém, haverá uma razão para isso. Depois de se ter formado no clube londrino, o médio, chegado a sénior, foi considerado uma das maiores promessas do clube. Daquele tipo de jogadores, que depois de um período de necessário tirocínio, haveria de chegar ao seu clube de sempre para se tornar inamovível.
Tal, nunca haveria de suceder. Depois de vários empréstimos em que não foi capaz de afirmar todo esse potencial que se previa, em 2016 resolveu partir, a título definitivo. A acolhê-lo estava o Hull City, que aceitou pagar cerca de 13 milhões de libras pelo jogador.
Até que chegamos ao famigerado 22 de Janeiro de 2017. Aquele dia em que os Tigers, já orientados por Marco Silva, enfrentavam o Chelsea. Num lance como tantos outros, num canto, Ryan saltou à bola com Gary Cahill. O choque de cabeças seria devastador para si. Sofreu uma fractura craniana, esteve a ser assistido durante nove minutos no relvado de Stamford Bridge, antes de ser imediatamente levado para o hospital para ser operado e onde foram-lhe introduzidas 14 placas metálicas no crânio e 28 parafusos para as fixar, bem como 45 agrafos.
“Começava aí uma longa luta que durou mais de um ano. Durante 13 meses, Ryan Mason tudo tentou para voltar a fazer o que mais amava: jogar futebol. Teria, porém, de deitar a toalha ao chão, pois “Trabalhei incansavelmente para poder regressar aos relvados. Infelizmente, depois de ter recebido aconselhamento médico especializado, não tenho outra opção senão retirar-me devido aos riscos envolvidos, dada a natureza da minha lesão.“, escreveu no Instagram.
Porém, tal não seria o fim da sua estrada no futebol… Mauricio Pochettino, na altura treinador do Tottenham, imediatamente, estendeu-lhe a mão. Assim, como o próprio referiu ” – É uma notícia muito triste, mas abre uma porta para o seu futuro e para a sua família. Tem 26 anos, mas o seu cérebro é fantástico, é uma pessoa fantástica. Vai ser uma pessoa muito bem sucedida no futebol, em tudo o que quiser fazer. Ele é e será especial para mim porque representa a mudança em todo o processo quando chegámos ao Tottenham. Para mim, o Ryan é um jogador que será sempre especial. A porta está aberta para o ajudar; e o clube porque o amamos a ele, à Rachel, ao George e a toda a sua família. Não te preocupes, Ryan, vais ser uma pessoa de sucesso fora do campo”.
Assim, o antigo jogador seria integrado na estrutura do clube. Nas camadas jovens como exemplo, mas aperfeiçoando os seus conhecimentos para chegar ao topo. Depois da curta experiência aquando da substituição do Special One, segue-se outra… sempre como bombeiro de serviço, mas sempre com a certeza de ser um homem do futebol, a quem a vida deu uma segunda oportunidade. E quem a tem, geralmente, não a costuma desperdiçar…