Momento histórico no futebol italiano.
O progresso ascensional da Atalanta conheceu ontem um relevante marco. Após vencer em Monza por duas bolas a zero, o conjunto de Bergamo ascendeu de forma isolada ao primeiro lugar da tabela classificativa da Série A, algo que sucede pela primeira vez nos seus 114 anos de história.
Trata-se de um marco importante na história de um clube que, desde 2016, vive, praticamente, uma segunda vida. Nesse ano, Antonio Percassi, antigo jogador do clube, mas nos dias de hoje dono deste, resolveu apostar no homem que lhe haveria de revolucionar o futebol: Gian Piero Gasperini.
Perceber-se-ia, de imediato, que a aposta iria passar no potenciar de jovens talentosos provenientes dos escalões de formação. Nomes como Caldara, Gagliardini, Conti e mais alguns iriam ser determinantes na evolução desportiva da equipa, mas também no desenvolvimento financeira da equipa. Acresceria, ainda, um cuidado trabalho de scouting, que permitiria descobrir nomes com Franck Kessié, entre mais alguns.
A evolução seria paulatina e consistente. A equipa apurar-se-ia no final dessa temporada a jogar um futebol de elevado quilate, uma característica que haveria sempre de a acompanhar a partir daí. Depois da Liga Europa, chegaria a qualificação para a Liga dos Campeões, em que a equipa na mais atípica prova da história, fruto da pandemia e disputada num final a 8 em Lisboa, chegou aos quartos de final. Uma afirmação de força, capaz de convencer os mais cépticos de um projecto que começou do zero, mas que já permitiu a aquisição de atletas por Jéremie Boga por 22 milhões de euros ou Luis Muriel por 21, entre outros de similar custo financeiro.
Porém, não se pense que um projecto de evolução tem, apenas, bons momentos. No caso da Atalanta, os menos felizes serão reduzidos mas existem. Desde logo, a dolorosa despedida do argentino Alejandro Gomez, símbolo do crescimento do clube, mas que após uma grave discussão com o treinador, teve de abandonar o clube, deixando-o órfão de um dos seus maiores ídolos. Além disso, desportivamente, a derradeira temporada demonstrou a necessidade de uma reformulação, já que, pela primeira vez em seis temporadas, a Dea, como é conhecida a equipa, foi incapaz de dar um passo em frente, falhando o apuramento europeu.
Essa renovação fez-se à custa de investimento. Do gasto do que outrora se houvera amealhado. Nomes como o brasileiro Éderson, contratado à Salernitana por 21 milhões de euros, o avançado dinamarquês Rasmus Hojlund, adquirido aos austríacos do Sturm Graz por 17 milhões, ajudaram à remodelação de um conjunto que dos primeiros anos da sua evolução apenas apresenta reminiscências.
Porém, o trabalho estará a produzir efeitos surpreendentes… a Atalanta lidera a Série A. Será para continuar?